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Semifinalistas do Prêmio Oceanos ou como simular diversidade, ou a miragem decolonial,



ou ainda o Norte invísivel


É um recado patente de Marx o de que somente o poder material pode derrubar o poder material. Ou a mudança se evidencia no mundo, ou então não existe.


De igual maneira, palavras como diversidade e decolonialismo se tornam pura ideologia quando não encontram sua concreta e sensível manifestação. Mero artifício exploratório e de propaganda sob o já amarrotado lema do politicamente correto.


Ora, o Prêmio Oceanos se apresenta como o mais diverso da língua portuguesa. As inscrições são de graça. Participam dele todos os países lusófonos. Há restrições de predominância da literatura de um país sobre o outro e tudo mais.


Bonito por fora, oco por dentro, pelo menos no caso brasileiro. Na categoria prosa, aquela para a qual mais se olha, dos nove autores nacionais, só cinco estados da federação encontram-se representados, sendo apenas um do Nordeste e outro na capital federal. O resto é o mais do mesmo Sul-Sudeste. Nada do Norte. Era melhor ter recebido inscrições só lá de baixo e pronto.


Também pudera. A monotonia das seleções reflete a localidade de quem as realiza. Majoritariamente pesquisadores e artistas do centro. Sobram uns tantos concentrados nordestinos. Das outras regiões, quase zero, e olha que esses raros ainda precisam obter o selo de qualidade dos doutorados das metrópoles. Do contrário, esquece.


A solução para essas discrepâncias gritantes obviamente não é simples, porém lógica. Um maior equilíbrio entre jurados das diversas regiões e estados do Brasil. No limite, a exigência de contemplar autores de todos os cantos do país. Desse modo, ganharemos em pluralidade e novidade, e as grandes obras não deixarão de aparecer por conta disso.


Mas, quer mesmo o prêmio tornar-se de fato culturalmente múltiplo? Essa parece a eles ser uma tarefa trabalhosa e ingrata. Já basta ter o discurso bonitinho.


Contra essa inação, é que se pode ter uma autêntica resposta: um prêmio robusto e amplamente divulgado só para os autores do Norte, tal como fez em sua coletânea a Editora Transe, com um resultado bastante prolífico. Secretarias de cultura do Pará, Amazonas e adjacências, movam-se.


O poder material só pode ser derrubado pelo poder material. O resto é comercial de banco e patrocínio.

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