A semiótica é o estudo dos signos. Os signos são uma coisa no lugar de outra, ou o que se denomina representação. Ícone, índice e símbolo, em sua divisão básica. Daí seguem outras tríades importantes, conforme Peirce.
Na política do Amazonas, tanto o governo quanto a prefeitura são regidos por comunicadores, mestres da mecânica operativa dos representamens, que são utilizados no caso para fins de ludibriar o público.
Desse modo, é assim que perseveram inaugurações de hospitais que não funcionam, anúncios de obras que não iniciam, ou de programas sociais já existentes. Em todos esses casos, não interessa a substância que se coloca em jogo, mas tão somente o lance de imagens que se encadeiam signicamente e proliferam uma mensagem única, que é a de que a cidade e o estado têm um benfeitor, no que se acresce ainda o recado personalístico direto deste, com manifestações de simpatia e graça nas redes sociais.
Por óbvio, para qualquer semioticista mediano, seria fácil desmanchar o procedimento, apontando seu lado vazio. Ora, não há signo sem referente, e essa lacuna por outra imagem não pode ser preenchida. Contudo, estranho ou não, nossos analistas guardam calados a resposta devida.
Assim, o mostrador da mentira é mais uma vez o povo, que, em sua inquietação real, em suas necessidades reais, distingue o que falta e desfaz com vaia a pantomima.
Nas intermináveis filas de espera, a verdadeira filosofia.
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