Diante da urna, a capital amazonense teve a oportunidade de cumprir sua vingança por ter sido palco da maior catástrofe do mundo na pandemia. Mas refugou, preferindo exaltar os seus torturadores.
As provas saltam evidentes. Quase setecentas mil pessoas entregaram seu voto a Bolsonaro, enquanto um número não muito distante optou pela reeleição do governador Wilson Lima. Por óbvio, há entre esses eleitores milhares que padeceram por si ou pelos seus graças à negligência dos governantes mancomunada com o vírus, porém tudo isso foi apagado. Os mortos valem menos que um delírio.
E, antes que alguém diga que isso se deve a algum traço da nossa população, olhe para o interior. Foi este que nos honrou dando a vitória a Lula. Mesmo na disputa para o governo do estado, ele resistiu bravamente à sanha da máquina pública, conferindo ao candidato da situação uma vantagem pequena e totalmente reversível. Assim, cabia à capital aplicar o revés decisivo. Sucumbiu.
Logo, é a Manaus que se deve esse ultraje que não pode ser confundido com esquecimento, muito menos com perdão. Nestes, há o reconhecimento do fato ou da culpa, ou seja, é um ato derivado de uma consciência do real. Nossa cidade não passa de um pesadelo pautado por uma subserviência infeliz. É triste o lugar onde à revolução prefere-se o abismo.
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