1
Tomemos a definição de Nietzsche segundo a qual a vida é aumento de potência. Viver é agir naquilo que nos torna mais capazes, mais aptos, por conseguinte maiores em si.
2
Isso resulta no sentido do agir configurar-se não em certas práticas específicas, e sim em atos pertinentes ao fundamento; o que implica também nem toda ação merecer chamar-se vívida.
3
Por exemplo, não há viver no consumo. Este é a captura de nossos desejos transfigurados em mercadorias para o gozo de outrem. Desse modo, o turismo, como comércio de circulação de pessoas, torna-se a maior das ilusões, já que parece vida, porém não o é. E nos engana profundamente por não apresentar-se como coisa, quando se trata somente de nossos anseios de locomoção enlatados em embalagens alusivas à aventura.
4
De igual maneira, o trabalho, quando mera exploração reificadora, não pode confundir-se com a vida. Nesse formato, ele apenas serve à supressão alienatória que conduz para a negação de si mesmo.
5
Por outro lado, o trabalho como autorrealização pode constituir-se em uma das maiores potências de vida, posto nele sermos capazes de transbordar a nós próprios em nossos feitos.
6
O ócio pode ser condição de vida, porém não ela exatamente.
7
A arte, esse outro mundo que é também nós, o mais expansivo dos eventos.
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