É muito simbólico que o clássico Frankenstein tenha sido o pivô do debate brasileiro sobre a arte e a participação do inumano.
Ora, há aí uma série de coisas que poderiam ser ditas de pronto. Que usar a máquina descaracteriza a autoria, que o programa não é original nem inteligente e só copia modelos já disponíveis, e outras tecnicidades do tipo.
Mas talvez muito mais interessante, nesse momento, seja evocar a discussão fundamental sobre o que seja a arte em sua composição primeira. Nisso, até agradecemos aos algoritmos por nos ajudar a tornar premente a pergunta, que até então não se mostrava mais de tanta relevância.
E a questão é: existe arte sem sujeito? O objeto pode ser artístico por si mesmo, quer dizer, graças apenas a suas propriedades evidentes?
A resposta veio socialmente clara e em clima de revolta. Não, a arte não vale por si. Ela precisa do componente humano para oferecer algum sentido. E isso faz com que fique claro para nós um outro adágio que antes não precisava vir ao pensamento: a arte não está aí apenas para nos agradar ou enternecer. Ela existe também para instigar e ampliar a capacidade criativa humana, o que implica que, mesmo que uma máquina fizesse obras virtuosas, isso não nos interessaria, pois o progresso da humanidade pela arte é nossa base, meio e fim.
Dito isso, voltemos à filosofia da arte.
Os instrumentos GPT, a ilusão da sensibilidade apenas.
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